segunda-feira, 19 de novembro de 2007

The Punks - Detroit 1974-75


A minha relação com esta banda foi amor à primeira audição.

Oriundos de Detroit, formaram-se em 1973 e conseguem fazer um som que mistura o psicadelismo de algumas bandas dos anos 60 (como os 13th Floor Elevators) com o Detroit Sound típico (Stooges e MC5) e a linha melódia dos The Who ou Kinks...

O resultado é um albúm lançado pela Rave-Up que contém apenas e só gravações de estúdio do período mais fértil da banda.

São 9 músicas, algumas delas com vários minutos (podemos encontrar músicas de 6 minutos, podemos encontrar de 3 minutos... ou mesmo de 8!!), que apresentam variações de ritmo e de melodias que impressionam qualquer um.

Eram músicos de qualidade e o resultado é um disco pura e simplesmente do outro mundo.

A edição já está esgotada na Rave-Up Records mas vale a pena tentar procurá-la em e-bays ou afins (ou mesmo outras edições da banda) porque efectivamente para quem gosta de Stooges e MC5, os The Punks não vão desiludir. São uma banda de alto calibre.

Os destaques do album vão para o tema de abertura do LP, "My Time's Coming" (uma música que se apresenta mais na linha dos MC5, com instrumentais relativamente longos e elaborados), para "Drop Dead" (música que lembra muito os Stooges na fase do Funhouse, mesmo até nas vocalizações) e também para os 5 minutos de puro High Energy Rock de "Quick One".


Para mais informações sobre a banda podem ir aqui e ver não só uma biografia mais detalhada como também uma entrevista e uma review a outra edição dos Punks por outra editora.

Para terminar resta voltar a insistir que os The Punks são, sem dúvida, a pérola escondida do Rock dos anos 70 de Detroit. Estão a um nível muito elevado e apenas podem ser comparados aos Stooges, MC5 e Sonic Rendezvous Band.

Uma curiosidade, para terminar, em 1976, com a explosão do movimento punk rock nos Estados Unidos e em Inglaterra a banda mudou o nome para The End.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

The Defex - Beyond Machine Gun Love


Os Defex são uma banda oriunda da cena punk do Colorado, mais propriamente de Denver. As suas influências eram os Pistols, Damned e toda a cena britânica de 1977 com toques da cena nova-iorquina mais dura (leia-se Dead Boys e Ramones). Isso nota-se particularmente no seu som ao vivo.

Formam-se em 1977 e lançam apenas um 7 polegadas em 1979 (Psycho Surfer b/w Machine Gun Love). O single é muito dificil de encontrar e depois de aparecer nas Killed By Death, o seu preço disparou. No entanto, as músicas em estúdio são bastante rápidas e agressivas, o som diferente do captado ao vivo.



Capa do Single de 1979


A Rave-Up, no seu 5º lançamento, lança-nos um concerto ao vivo em 1979 desta banda de Denver. O som é bastante aceitável (ok, estamos em 1979, sim?) e mostra-nos mais uma banda que se tem lançado um LP por uma editora credível tinha dado que falar.

O albúm tem 11 músicas ao vivo. Começa com Turn On U e acaba com o clássico Machine Gun Love. As outras nove músicas andam todas em torno do mesmo. Punk Rock americano com influências do que se fazia em Inglaterra em igual período de tempo. Bem tocado e bem cantado, mostra-nos uma banda coesa e bastante interessante, especialmente se tivermos em conta que não é normal aparecerem bandas punk ou new-wave do Colorado. A influência das bandas britânicas nota-se não só nas melodias como também na liderança do baixo que deambula em escalas um pouco por todo o LP.


Os destaques do LP vão para "Tomorrow", música melódica a fugir para o Powerpop/New Wave, mas sem orgãos, a fazer lembrar uns The Boys ou Damned na fase Machine Gun Etiquette mas com um solo de bateria no meio, para "Dead Heat" que faz lembrar os Dictators no seu primeiro LP e para a cover brilhante dos Kinks em "You Really Got Me". Lá no meio, há ainda tempo para a balada à Dead Boys choradinho... "I Want You Back".

Felizmente Steve Kulpa (baixista e vocalista da banda) não deixa morrer os Defex e continua a publicitar a sua banda de adolescente um pouco por toda a web.

Assim, podem ver um site criado pelo próprio aqui.

E podem ainda ver os seguintes videos, que o próprio colocou à disposição no You Tube. Uma boa lição para as pseudo-estrelas das bandas obscuras de 70/80 em Portugal.

Video de apresentação da banda ao som da música "Toxic Shock Sydrome" (que não vem no album, mas que representa bem o som da banda):



O clássico "Machine Gun Love":



A música que abre o LP, "Turn On U":

domingo, 11 de novembro de 2007

Los Reactors – Dead In The Suburbs


Este foi o 1º LP que tive da Rave Up... e que LP!! Tem um dos melhores temas de sempre da história do Punk Rock. “Dead In The Suburbs” é uma música do outro Mundo e sozinha vale os 10 euros que o disco custa.

Esta edição contém os 2 EP’s que a banda de Tulsa lançou e ainda vários temas ao vivo. Aproveito esta edição para alertar que muitas das edições da Rave-Up têm esse problema: o excesso de temas ao vivo, muitas vezes sem grande qualidade sonora.

Neste caso, as músicas ao vivo até nem têm muito mau som (embora também não tenham um som de qualidade).

No entanto, o LP vale pelo facto de ter os dois 7 polegadas que a banda lançou. Dead In The Suburbs é vendido no e-bay a mais de 600 euros, por isso é de louvar aos Deuses que esta edição tenha visto a luz do dia e permitido a quem a comprou ter acesso a uma música de punk rock com um órgão de fundo que faz toda a diferença. Aliás, é isso que torna os Los Reactors numa banda especial. Para além do Punk Rock rápido a fazer lembrar uns Heartbreakers ou uns Pagans, têm aquele órgão Farfisa sempre em sons deambulantes e a marcar claramente a diferença para o resto das bandas da altura.

Todos os 6 temas em estúdio desta banda são muito bons e captam a mesma essência... punk rock americano com o órgão a marcar a diferença. Desde “Laboratory Baby” (originalmente o lado B de “Dead In The Suburbs”), até “Shake Down”, passando por “Culture Shock” que faz lembrar em várias alturas os Stranglers (por exemplo na “Get A Grip On Yourself).

Os temas ao vivo continuam na mesma linha de Heartbreakers com Stranglers, o que faz pensar do que teria sido desta banda caso tivesse conseguido pôr um LP cá fora por uma editora de peso. A meu ver seriam um caso sério e a “Dead In The Suburubs” apareceria em todos os Best Of’s de punk rock ao lado da “Born To Lose”, “Sonic Reducer” ou “No More Heroes”.

Resta só dizer que recentemente também a Rip Off Records lançou em CD uma edição com as mesmas músicas da edição da Rave-Up, provavelmente mais fácil de encontrar e com a seguinte capa:


Aqui está o clássico "Dead In The Suburbs" tocado na tournée de reunião de 2004 com edição em DVD:

quarta-feira, 7 de novembro de 2007

The Testors – New York City Punk Rock 1979



Que melhor maneira de começar as reviews ao trabalho da Rave-Up senão logo com uma das suas melhores edições... directamente de Nova Iorque: The Testors.

Liderados por Sonny Vincent (que esteve em Portugal no longínquo ano 2000 para um concerto bombástico em Torres Vedras com os “vizinhos” Safety Pins), os Testors eram da linha do punk de NY mais duro. Seguindo as pisadas dos Dead Boys, misturavam a velocidade e a agressividade do Punk Rock com os toques de guitarra do High-Energy dos Stooges e MC5.

Composto apenas por temas gravados em estúdio no ano de 1979, o LP começa com uma música que exemplifica bem o som da banda: rápido, agressivo e com as guitarras sempre no vermelho. “Bad Attitude” é uma das melhores músicas da banda e do disco. Outros exemplos deste estilo são “Black Book” ou o grande clássico “Primal Call”.

Segue-se a outra faceta dos Testors... das músicas mais calmas mas sempre com agressividade e poder. “Break It Down”, o 2º tema do disco, é um exemplo claro do género... mas encontramos outros belos exemplos em “I’m Allowed” ou “Lonely Nights”.

Podemos dizer que o LP está dividido entre o Punk desenfreado com guitarras High-Energy e as músicas mais calmas, mas com agressividade e poder (um pouco na linha das mais calmas dos Dead Boys ou Dictators).

A qualidade sonora é a que encontramos em todas as re-edições dos Testors.

Esta edição está esgotadíssima na Rave-Up Records, mas consegue-se encontrar no E-Bay e em outras distribuidoras sem ter encarecido (outra das vantagens da Rave Up).


Podem ver um vídeo de 2004 de Sonny Vincent a tocar o clássico "Bad Attitude" dos Testors ao vivo:


Novembro - O mês da Rave Up Records


Quem anda dentro destes meandros que é o universo do Punk Killed By Death sabe que é muito complicado (para não dizer impossível) encontrar certo tipo de singles dos anos 70 e inicios de 80.

Dicks Hate The Police, um clássico eterno do punk texano... 1980... o single original é muito complicado de encontrar e quando se encontra é bom que se tenha 500 euros (100 contos na moeda antiga) para desembolsar por ele.

Podia dar centenas de outros exemplos... mas não irei por aí. Como tal, é importantíssimo o papel de certas editoras que re-editam clássicos cujo preço é exurbitante.

Este mês vou dar atenção a uma dessas editoras que já muito lançou para deleite dos fãs do mais obscuro punk rock: RAVE UP RECORDS.

Sediada em Itália, é comandada pelo Sr. Pierpaolo de Iulis, um verdadeiro ícone (podemos chamar-lhe assim) do punk europeu. Este senhor já muito fez pela causa... mas destaca-se claramente o trabalho efectuado na sua editora.

Desde 2000 que tenho contacto com o trabalho da Rave-Up. Desde os primeiros lançamentos (Testors, Los Reactords ou Tazers) até aos mais recentes (New Toys ou Tot Rocket and The Twins), o trabalho feito está documentado e é de louvar.

Mais, para além de punk rock, a Rave Up (através de uma, chamemos-lhe, subdivisão) lança ainda bandas de powerpop de grande qualidade que sacia os desejos de alguns fãs. Lançamentos a ter em conta: Jim Basnight, The Go, Manikins (Australia) e mais recentemente Private Dicks.

Para fechar a contenda, a Rave-Up lança ainda pérolas do punk europeu como os The Doubt (Ulster Punk de topo) ou os "nossos" Aqui D'El Rock.

Tudo isto e muito mais é suficiente para deixar um mês inteiro para falar da Rave Up-Records e dos vários discos que já lançou para o mercado.

Enquanto não saem as reviews, vão-se entretendo aqui.